domingo, 14 de novembro de 2010

Museu arquiva história dos bondes em São Paulo


Relógios, bilhetes dos passageiros e propagandas de época são alguns dos objetos da exposição

A fantástica imagem da cidade de São Paulo do século XX, com bondes, trólebus e trens continua preservada no Museu de Transportes Públicos Gaetano Ferolla. O museu foi inaugurado no dia 20 de marco de 1985 pelo então prefeito de São Paulo Mario Covas, mas só no dia 27 de setembro de 1991 recebeu seu nome atual, após a morte do ex- funcionário da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos CMTC.

Para os visitantes seguirem nesta viagem, a São Paulo Transportes (SPTRANS) subsidia o local e disponibiliza um acervo de mais de 1.500 fotos, móveis antigos, documentos sobre a evolução dos veículos e relíquias de empresas públicas de transporte nacional. O museu possui bondes, ônibus e trólebus em ambientes que retratam a década de 20. “O intuito do museu é proporcionar aos visitantes uma viajem ao passado, fazendo com que as pessoas compreendam toda a evolução dos transportes, independente de sua geração.”, diz o administrador do museu Henrique Santoro.

Na entrada do museu, há o primeiro bonde com tração animal, onde a monitora convida os visitantes a entrarem no veículo e a assistirem a um filme sobre a trajetória que os coletivos faziam. A maioria deles circulavam pelo centro em ruas como 25 de Março e Avenida São João. (Principais vias de acesso à região central). Como os bondes não podiam fazer curvas, devido a falta de flexibilidade dos trilhos, no percurso de volta os passageiros tinham de virar os bancos e assim poderiam viajar tranquilamente.

À caminho pela linha do tempo, a tecnologia melhorou e os bondes que sucederam os à tração animal eram os elétricos, que continuavam com a passagem bem acessível, o que fazia lotar de pingentes (passageiros) pendurados pelo lado de fora. Mais tarde chegaram outros coletivos, como o Bonde Camarão cujas laterais eram fechadas e que mais tarde foram substituídos pelos trólebus (Veículo com rodas, mas sustentado por energia elétrica).

Os detalhes dos coletivos são conservados em todos os aspectos. Desde as pinturas dos bancos e das madeiras restauradas até nas publicidades estampadas na frontal e lateral dos veículos. Dentro dos bondes há televisões inseridas pelo museu, com a proposta de ensinar de uma forma didática para as crianças, como era o transporte daquela época.

A exposição também oferece para os visitantes miniaturas dos veículos feitas por busólogos (Pesquisadores de Transportes Coletivos) além de conter objetos luxuosos da década de 1940 e fotografias de acidentes de trânsito ocorridos com bondes e carros que trafegavam pela linha férrea. Com base nas imagens expostas, há uma crítica ao transporte público da cidade paulista nos tempos atuais. “O ar de São Paulo se modificou quando os bondes foram trocados por carros movidos a combustão”, diz a monitora Aline Cristina ao mostrar uma das fotografias do acervo.

A exposição é uma importante opção para estudantes e admiradores das relíquias de uma boa parte da história de São Paulo, porém por falta de visitação o museu quase fechou as portas em 2003. Segundo Aline, o número de freqüentadores voltou a crescer devido às visitas monitoradas e à divulgação por parte da TV minuto (Canal de comunicação do Metrô).

Apesar da quantidade de material que o museu abriga, ainda há muitos veículos públicos que estão guardados na garagem da antiga CMTC, localizada nas proximidades do bairro Canindé, mas o local não foi apropriado em razão da longa distância das estações do Metrô, o que dificulta o acesso de deficientes físicos e turistas, já que a Rodoviária do Tietê fica próxima ao local.